Você já ouviu a expressão judeus sefarditas?

Os judeus são povos cuja história tem mais de 3 mil anos. A riqueza histórica e cultural dos judeus vai muito além do pouco que conhecemos, mas o fato que nos interessa é que muitos sefarditas podem ter direito à cidadania portuguesa.

Quem são os judeus sefarditas no Brasil?

Sefarad, ou ainda, Sefaradí em espanhol, é o nome hebraico que corresponde à Península Ibérica. Região da qual Portugal e Espanha fazem parte. Foi assim designada por judeus que viviam na região desde aproximadamente o século I. Assim originou-se o termo, judeus sefarditas, utilizado hoje.

Além de mostrar como você pode descobrir se possui direito à cidadania portuguesa, iremos fazer uma viagem no tempo. Assim, entender o que motivou a imigração desses judeus para outros países, incluindo o Brasil. 

Neste post você irá descobrir:

  • Como saber se sou descendente de judeus sefarditas no Brasil?
  • O que motivou a imigração dos judeus?
  • Quando os judeus sefarditas chegaram no Brasil?
  • Quais os sobrenomes judeus sefarditas

Como saber se sou descendente de judeus sefarditas no Brasil?

Para saber se você possui o direito à cidadania portuguesa, considerando que é descendente de português, é preciso tomar algumas providências.

São elas: 

Dessa forma, será possível descobrir se a ascendência se encontra em linha direta ou colateral, um dos requisitos para a cidadania portuguesa, por exemplo.

Por isso é importante buscar informações e estudar a viabilidade de fazer a busca solitária ou com a ajuda de uma assessoria.

Para essas e mais informações sobre o processo de cidadania portuguesa, saiba que podemos te ajudar.

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O que motivou a imigração dos judeus?

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o fato de o Brasil não ter movimentos antissemitas ou práticas discriminatórias contribuiu para a identificação geral dos judeus como brasileiros de classe média e para a manutenção de muitos vínculos que ainda hoje nos ligam à comunidade judaica.

Mas antes do período de 1530 a 1680, os judeus sefarditas viviam na região que hoje situa-se Portugal e Espanha, com certa estabilidade social. Em plena Idade Média, ocupavam cargos altos na monarquia da península.

Nesse sentido, as primeiras motivações para a perseguição desse povo teriam origem exatamente na atuação em cargos públicos. Sobretudo, aqueles que tinham como responsabilidade a cobrança de impostos.

Como resultado, proprietários de terras e parte do clero deram início às difamações que marcariam a história dos judeus sefarditas, culminando em seu ápice mais tarde.

Santa Inquisição

Nesse contexto, o ápice, como citado, deu-se com a criação do Tribunal da Santa Inquisição, que durou do século XV ao XIX. O qual tinha como objetivo punir aqueles que estivessem distantes da fidelidade cristã. Em outras palavras, o que a Igreja Católica à época entendia como fé. 

A motivação, dada pelo alto clero, tinha como base a extinção de seitas religiosas. Bem como, investigar como os novos cristãos seguiam esses preceitos. No entanto, vale destacar que tais critérios eram arbitrários, o que influenciou o alto número de torturados e executados no período. 

Os denominados novos cristãos, eram judeus que habitavam a região da Espanha à época. Nesse sentido, no ano de 1492 dia 31 de março, foram obrigados, a partir de um decreto, a se converterem ao catolicismo. Em caso de recusa, seriam expulsos do território.

Entretanto, apesar da perseguição ter sido principalmente relacionada ao povo judeu, mulçumanos também foram obrigados à conversão no mesmo período.

Assim sendo, alguns meses após o decreto, 100 mil judeus já haviam deixado a Espanha. Como resultado, sob a permissão do Rei D. João II, se refugiaram em Portugal.

Quando os judeus sefarditas chegaram no Brasil?

Logo depois de se estabelecerem em território português, a vida para esse povo parecia ter tomado de fato novos rumos. Devido ao momento que o reino de Portugal vivia, era vantajoso que os judeus ficassem por ali, até como uma forma de gerar renda.

No entanto, após a morte de D. João II, assim como a designação de um novo rei, os sefarditas se viram novamente obrigados a deixar o território. Tal fato se deu por conta da exigência partidária  — mesmo não tendo esse nome à época — do estabelecimento de uma religião oficial, além da consequente criação do Santo Ofício lusitano em 1536.

Assim sendo, a decisão sobre a obrigatoriedade de conversão à religião católica, foi retomada. Desse modo, os sefarditas foram levados a emigrar mais uma vez. Vale destacar, entretanto, que em Portugal a decisão veio acompanhada de punições mais severas. Como, por exemplo, bens confiscados e execução. 

Mais tarde tal medida foi revogada, porém foi o suficiente para causar pânico entre a comunidade, devido às vítimas que o período fez. Diante disso, a prática do judaísmo teve significativa redução, além de muitos na altura da revogação já terem se espalhado pelo mundo.

Novo mundo e oportunidade de comércio

O Brasil, recém descoberto à época pelo homem branco, possuía uma fama de riquezas naturais. Tal fato, chamava a atenção de quem necessitava recomeçar a vida em outro local, propício para os negócios, por exemplo.

Dessa forma, alguns judeus escolheram o então território brasileiro hoje, para se estabelecer. No entanto, vale destacar que a sombra de perseguição aos judeus não sumiu por completo, mesmo no Brasil. 

Isto é, devido à condição de colônia de Portugal. Ou seja, como resultado era submetida às mesmas ordens. O que motivou a opção, mais tarde, por cidades distantes do litoral, como Minas Gerais. 

Isto é, a fim de obter mais liberdade religiosa. Bem como, distância dos centros urbanos, onde se concentravam as estruturas da inquisição. Nesse sentido, em um primeiro momento, os judeus passaram a gozar de certa independência.

Desse modo, durante a presença holandesa no nordeste brasileiro, foi fundada a primeira Sinagoga das Américas. Localizada ainda hoje em Recife, no estado de Pernambuco.

Ainda que, alguns anos depois, com a retomada do controle português sobre a região, mais uma vez a comunidade sefardita tenha precisado se refugiar.

Quais os sobrenomes judeus sefarditas

A partir do decreto de lei 30-A/2015, é previsto na legislação portuguesa, a concessão do direito à cidadania, via judeus sefarditas. Tal fato é uma ação de reparação histórica, em virtude da perseguição a qual esse povo foi submetido. 

A lista completa de sobrenomes sefarditas é extensa, com mais de 500 sobrenomes. Abaixo, listamos alguns dos mais comuns, divididos em ordem alfabética:

A-C:

  • Abrantes
  • Aguilar
  • Almeida
  • Álvares
  • Amorim
  • Andrade
  • Avelar
  • Azevedo
  • Barros
  • Basto
  • Belmonte
  • Brandão
  • Bravo
  • Brito
  • Bueno
  • Cáceres
  • Caetano
  • Campos
  • Cardoso
  • Carneiro
  • Carvajal
  • Carvalho
  • Castro
  • Crespo
  • Coutinho
  • Cruz

D-L:

  • Dias
  • Dourado
  • Duarte
  • Elias
  • Estrela
  • Ferreira
  • Franco
  • Gato
  • Gonçalves
  • Guerreiro
  • Henriques
  • Lara
  • Leão
  • Leiria
  • Lemos
  • Lobo
  • Lombroso
  • Lousada
  • Lopes

M-R:

  • Macias
  • Machado
  • Machorro
  • Martins
  • Marques
  • Mascarenhas
  • Mattos
  • Meira
  • Melo e Prado
  • Mello e Canto
  • Mendes
  • Mendes da Costa
  • Mesquita
  • Miranda
  • Montesino
  • Morão
  • Moreno
  • Morões
  • Mota
  • Moucada

N-Z:

  • Negro
  • Neto
  • Nunes
  • Oliveira
  • Osório (ou Ozório)
  • Paiva
  • Pardo
  • Pereira
  • Pessoa
  • Pilão
  • Pina
  • Pinheiro
  • Pinto
  • Pimentel
  • Pizarro
  • Preto
  • Querido
  • Rei
  • Ribeiro
  • Rodrigues
  • Rosa
  • Sarmento
  • Salvador
  • Silva
  • Soares
  • Souza
  • Teixeira
  • Teles
  • Torres
  • Vaz
  • Vargas
  • Viana

Outras fontes:

 Observações:

  • A presença de um sobrenome nesta lista não garante a descendência sefardita.
  • É importante realizar uma pesquisa genealógica completa para confirmar a ascendência sefardita.
  • O Decreto-lei nº 26/2022 estabelece critérios específicos para a obtenção da cidadania portuguesa por descendentes de judeus sefarditas.

Conclusão

Em conclusão, os judeus sefarditas representam uma parte rica e fascinante da diáspora judaica. Sua história é um testemunho da resiliência e da capacidade de adaptação de uma comunidade que enfrentou desafios inimagináveis ao longo dos séculos. Ao preservar suas tradições culturais e religiosas, os sefarditas enriqueceram as sociedades em que se estabeleceram, contribuindo para o desenvolvimento de diversas nações ao redor do mundo. A herança sefardita é um lembrete de como a diversidade cultural pode enriquecer a experiência humana e nos lembrar da importância de valorizar e preservar as nossas raízes históricas e culturais.

Além disso, a história dos judeus sefarditas também destaca a necessidade contínua de tolerância e respeito à diversidade religiosa e étnica. À medida que aprendemos mais sobre suas experiências e realizações, somos lembrados da importância de promover a inclusão e a compreensão mútua em nosso mundo globalizado. Os judeus sefarditas são um exemplo inspirador de como uma comunidade pode prosperar, apesar das adversidades, e sua história continua a ser uma fonte de inspiração para todos nós, independentemente de nossa origem.